Localizada na costa chilena, entre Zapallar e Papudo, a Casa “S” é um exemplo marcante de arquitetura mimética, onde a construção se integra de maneira sutil e harmoniosa com a paisagem natural. Desenvolvida pelos escritórios Gubbins Polidura Arquitectos e MasArquitectos, a residência reflete uma abordagem que valoriza tanto a estética quanto a funcionalidade, utilizando soluções inovadoras para maximizar a relação entre o ambiente construído e o natural.
Desafio do Terreno e Soluções Arquitetônicas
Com uma área de 6.500 m² e um declive acentuado de 20 metros, o terreno desafiou os arquitetos a criar uma residência que respeitasse as características topográficas e ao mesmo tempo oferecesse conforto e conexão com a natureza. A solução encontrada foi desenvolver um plano horizontal, criando um grande pódio de concreto que se mescla ao terreno. Esse pódio abriga a área privada da casa e oferece uma base para o volume superior, transparente e destinado aos espaços sociais.
Divisão de Ambientes: Privacidade e Abertura
A separação clara entre as áreas públicas e privadas é um dos elementos centrais do projeto. O andar inferior, parcialmente escavado no terreno, acomoda os dormitórios e é projetado para se camuflar com o entorno natural. Com concreto aparente tingido com pigmentos escuros, essa parte da casa se transforma ao longo do tempo, em sintonia com a paisagem rochosa da região.
Já o volume superior, onde se localizam a sala de estar, a cozinha e a sala de jantar, é completamente envidraçado e se define por uma laje sustentada por 21 colunas de aço. A forma triangular da planta, semelhante a uma ameba de três lados, ajuda no comportamento sísmico da estrutura, uma solução fundamental para uma região propensa a terremotos como o Chile. A altura reduzida das colunas (230 cm) intensifica a visão horizontal, criando uma relação direta entre os ambientes internos e o horizonte.
Materialidade e Integração com a Paisagem
A escolha dos materiais contribui para a integração da casa com o entorno. O uso de concreto moldado em tábuas não lixadas e pigmentado, além de madeira e pedra, cria uma estética natural que envelhece com o tempo, assim como as rochas da costa. Essa abordagem minimiza o impacto visual da residência, fazendo com que a construção pareça uma extensão natural da paisagem.
As grandes janelas de vidro, do chão ao teto, ampliam a sensação de continuidade entre interior e exterior, enquanto o piso de granito reforça essa conexão ao ser utilizado tanto dentro quanto fora da casa. O objetivo era que, ao final da obra, a natureza retomasse os espaços ao redor da construção, dando a impressão de que a residência sempre fez parte do local.
Paisagismo e Sustentabilidade
Assinado pelo renomado paisagista Juan Grimm, o projeto de paisagismo da Casa “S” é focado na recuperação da flora e fauna nativas da região. A vegetação autóctone, anteriormente presente no local, será reintroduzida, e a arquitetura permitirá que a natureza ocupe os espaços deixados pela construção. A proposta paisagística é parte essencial do conceito de integração total entre a casa e o ambiente natural.
Schüco: more than a view, around the world.
A Casa “S” em Punta Pite é um exemplo impressionante de como a arquitetura pode se adaptar e interagir com a paisagem de forma discreta e elegante. Ao respeitar a topografia, utilizando materiais que envelhecem naturalmente e priorizando a integração com o entorno, a residência se apresenta como uma extensão orgânica do ambiente, reforçando a ideia de que a arquitetura pode coexistir harmoniosamente com a natureza.